Desde que adquiri em janeiro de 2014 o meu primeiro trailer, um Turiscar Brilhante Luxo com 4,80 metros de um eixo, sempre acompanhei no meio caravanista as discussões comparando
os trailers pequenos com os grandes e procurei analisar as vantagens e
desvantagens de cada um. Percebi que para a discussão ser ainda mais conclusiva deveríamos acrescentar um terceiro grupo que são os trailers
médios. E para completar as opções não poderíamos deixar de incluir os Mini Trailers que possuem um forte apelo por conta do seu baixo custo, sendo muitas vezes construído artesanalmente pelos próprios proprietários.
Embora eu nunca tenha rebocado, nem mesmo acampado com um Mini Trailer, constato que atualmente esta modalidade vem contribuindo intensamente com a retomada do caravanismo brasileiro. Suas principais características são de possuir um teto rebaixado que não permite uma pessoa ficar em pé, mas comporta até um casal mais uma criança deitados confortavelmente; possui uma cozinha externa com cobertura que se forma pela abertura de sua própria tampa; não possui banheiro interno mas pode ser transportado um vaso sanitário químico junto com os apetrechos necessários para montagem de um banheiro externo; é possível ser rebocado até com veículos de baixa potência; e principalmente oferece ao campista o próximo passo na evolução da barraca que é a possibilidade de uma acomodação mais confortável, com colchão, longe do solo e com uma vasta gama de itens de conforto como televisão, ar-condicionado, microondas, entre outros.
Foto do mini trailer com a cozinha aberta e mesa externa montada:
Foto do mini trailer com um casal deitados:
Foto do mini trailer com acampamento montado:
Agora falando nos trailers e sem ter a intensão de criar uma classificação de tamanhos no mercado, mas somente com a intenção de ilustrá-los, divido-os em três grupos: os pequenos com até 3,90 metros de comprimento, os médios que variam de 3,90 a 5,90 metros e os grandes que partem dos 5,90 metros e podem
passar dos 13 metros. Para exemplificar apresento abaixo alguns modelos de três fabricantes:
Turiscar, Karmanguia e Apolo Trailer.
Pequenos
(até 3,90 metros):
- Turiscar: Jóia (2,70), Caravana (3,30) e
Eldorado (3,80);
- Karmanguia: KC 270, KC 330 e KC 380;
- Apolo
Trailer: Economic (2,40), Toy (2,60), Young (3,60)
Médios (de 3,90 a 5,90 metros):
- Turiscar: Brilhante Sport (4,40), Brilhante
Luxo (4,80) e Rubi (5,80);
- Karmanguia: KC 450, KC 520 e KC 540;
- Apolo Trailer: Family (4 a 5 metros)
Grandes
(acima de 5,90 metros):
- Turiscar: Diamante (6,60), Vila Rica (7,40),
Imperial (8,60) e quinta roda (11 metros);
- Karman Guia: KC 640, KC 770;
- Apolo Trailer: Continent (6 metros).
Quanto maior for o tamanho
do trailer mais recursos serão necessários para utilizá-lo, principalmente a escolha de um veículo de
maior potência para tracioná-lo.
Além dos tamanhos, temos
outra variável que faz toda diferença no rebocar que é a quantidade de eixos. O atual padrão de mercado possui como principal característica os pequenos com um e os grandes com dois
eixos, raramente modelos muito grandes com três eixos. Os atuais fabricantes vêm mudando este cenário colocando o segundo
eixo mesmo em equipamentos menores.
O segundo eixo proporciona
uma maior segurança no caso de estouro de algum pneu e principalmente uma
melhor estabilidade para o conjunto diminuindo a possibilidade do temido pêndulo. Os pontos
negativos nos dois eixos são o consumo de quatro pneus contra apenas dois no
caso de um eixo, o pagamento mais caro no pedágio onde os dois eixos correspondem a um veículo inteiro enquanto um eixo paga a metade do valor, e uma terceira desvantagem é a dificuldade para realização de manobras nas rotações de 360 graus com o veículo parado, facilitada com o trailer em movimento.
Um outro ponto que também merece atenção é quanto a largura, em via de regra, variam de 2 a 2,5 metros, mas estes poucos 0,5 metros proporcionam um ótimo aproveitamento de espaços e um bom ganho de conforto dentro do trailer. Para quem pretende deixa-lo mais parado, utilizando-o como casa de final de semana (roda quadrada), a largura de 2,5 metros é bem mais interessante, agora para quem pretende utiliza-lo mais nas estradas, viajando nos finais de semana, quanto mais estreito melhor, fica mais fácil de rebocá-lo, tanto por conta da visibilidade nos espelhos retrovisores do veículo tracionador quanto por conta da aerodinâmica do conjunto.
Diante deste cenário não existe receita pronta para identificar qual o melhor tamanho. Antes de adquirir, é
necessário analisar com muita calma e atenção as suas reais necessidades, qual será o veículo
tracionador, onde o trailer ficará guardado, qual o tamanho de sua família e em quais destinos você pretende viajar com o equipamento.
Eu Ronald, já tive a
oportunidade de rebocar com uma Toyota Hilux SW4 3.0 a Diesel automática, alguns modelos
diferentes de trailer como: Turiscar Caravana, Turiscar
Brilhante Luxo, Turiscar Rubi, Turiscar Diamante e Apolo Trailer Young, e pude constatar que o
tamanho, largura e quantidade de eixos influenciam significadamente no comportamento do veículo tracionador.
Os trailers
pequenos como o Turiscar Caravana (1 eixo) e o Apolo Trailer Young (2 eixos) são extremamente
fáceis e leves de conduzir possibilitando serem rebocados por veículos menores e é mais fácil encontrar vagas nos campings. Algumas pessoas reclamam pelo fato de seu banheiro ser conjugado com o chuveiro, não possuindo um box separado para banho, além disso, seu espaço é bastante restrito. É ideal para famílias pequenas, preferencialmente um casal com no máximo duas crianças pequenas.
Apolo Trailer Economic com 2,40 metros (pequeno):
Karmanguia KC270 (pequeno) rebocado por uma Parati:
Apolo Trailer Young 2 eixos (pequeno) com 3,60 metros rebocado por uma Pajero TR4:
Nesta foto percebemos ao lado esquerdo um Turiscar Brilhante Luxo (médio) rebocado por um Hilux SW4, ao centro um Karmanguia KC330 (pequeno) rebocado por uma Pajero Sport Diesel e ao lado direito um Turiscar Caravana 3,30 metros (pequeno) rebocado por uma S10 cabine dupla a Diesel.
Turiscar Caravana 3,30 metros (pequeno) rebocado por uma Ford Ranger cabine simples a Diesel.
Os trailers tidos como médios como o Turiscar Brilhante Sport, Brilhante Luxo (1 eixo), o Apolo Trailer Golg (2 eixos), o Karmanguia KC540, entre outros, já exigem maiores cuidados, já não é qualquer veículo que consegue reboca-los, é necessário uma maior atenção à fixação do engate no veículo e aspectos como torque e potencia do motor já devem ser analisados com mais atenção. Trazem como principais vantagens um maior conforto interno e o box separado para banho dentre algumas outras características típicas dos trailers grandes. É ideal para famílias com até 4 pessoas adultas.
Foto de um Apolo Trailer modelo Gold com 5 x 2,15 metros (médio):
A esquerda um Turiscar Brilhante Luxo 4,80 (médio) rebocado por uma Hilux SW4 e a direita um Turiscar Diamante 6,60 (grande) rebocado por uma Nissan Frontier.
Nesta foto temos dois trailers Turiscar Brilhante com 4,80 x 2,20 metros (médios)
Karmanguia KC-540 com 5,40 x 2,40 metros (médio) rebocado por um Suzuki Vitara a gasolina:
Foto de um Turiscar Rubi com 5,80 x 2,20 metros (médio) rebocado por uma Hilux SW4 a Diesel:
Já os trailer grandes exigem um veículo com maior potência e um bom torque no motor. Sua principal vantagem é o conforto interno com bastante espaço e acomodação para famílias grandes com seis ou mais pessoas. Sua principal desvantagem é a dificuldade com as manobras e local para instala-lo nos campings.
Abaixo algumas fotos do Turiscar Diamante (Guanaquito) do amigo Dardo, membro do fórum MaCamp. Uma referência pois com seu trailer viaja constantemente para a Patagônia, entre outros destinos.
Foto de um Apolo Trailer Continent com 6 x 2,15 metros e 2 eixos (grande)
Foto de um Motor Trailer, modelo Albatroz com 12,10 x 2,50 metros e 3 eixos (muito grande):
Foto de um Turiscar Quinta Roda com 11 metros:
O trailismo teve início no Brasil na década de 1960, presenciou seu auge na década de 90 e teve seu declínio a partir de 1997 quando o governo brasileiro por um equivoco mudou a legislação de transito impedindo os motoristas habilitados a conduzir veículos de passeio (Categoria B) a rebocar os seus trailers, passando exigir habilitação profissional (Categoria E). Este equivoco foi corrigido somente no ano de 2011 onde o governo voltou atrás e novamente autorizou a Categoria B rebocar trailers, no entanto, neste intervalo paralisou totalmente a pratica do trailismo brasileiro.
Desde 2011 o trailismo vem ressurgindo com timidez e agora em 2015 nos deparamos com uma forte retomada do setor, com a chegada de novos fabricantes e lançamentos de novos produtos por fabricantes já consagrados no mercado.
Texto: Ronald Ataulo
Data: 12/02/2015